O bem e o mal funcionam como espelhos um do outro

Muitos diriam que eu tenho um "complexo de kira" ridículo e infantil (mas não culpo Death Note. Eu já era assim antes de Death Note. Só fiquei pior depois dessa série), que tenho uma visão infantil de certo e errado (como diria L) por adorar julgar as pessoas e seus atos, simplesmente porque ODEIO pessoas más e sem caráter, MAS, eu sei como pessoas más pensam. E elas não podem me enganar.

(Muitos diriam também que o correto é "complexo de messias". Mas eu não sou arrogante, esquizofrênica e nem doentiamente narcisista a esse ponto. E sou cristã, reconheço que messias é só Jesus. O termo "complexo de kira" é só um termo carinhoso que eu mesma inventei para nomear o que tenho. Não leve a sério. Ironicamente, eu sei, kira TEM complexo de messias).

Eu estou cansada de ouvir que não se deve julgar as pessoas, não importando quão hediondo tenha sido seus atos, que Jesus mandou a gente não julgar, que só Deus e juiz podem julgar as pessoas...Isso tudo pra mim é BULLSHIT.

Meu questionamento é: Porque não podemos julgar as pessoas?

Eu sei porque: Porque não sabemos as motivações que a levaram a cometer tal ato. Ás vezes a pessoa que roubou está desempregada e tem dois filhos para sustentar, ás vezes a pessoa que se prostitui contraiu uma dívida enorme, ás vezes a pessoa que se droga tem problemas pessoais muito pesados, ás vezes a pessoa que trai tem um casamento difícil etc.

Entretanto...E se eu soubesse dessas motivações? E se eu conhecesse TODAS as variáveis que levam uma pessoa a fazer o mal? Igual matemática? Aí eu poderia julgar as pessoas?

Poderia parecer utopia para algumas pessoas, mas eu já tive a idéia mirabolante de criar uma escala capaz de medir o nível de maldade de uma pessoa. Ela funcionaria como uma escala de pH, com o 1 até o 5 sendo os menores níveis de maldade, enquanto do 6 até o 10 seria os maiores níveis. Ela conteria TODAS as variáveis possíveis do porquê uma pessoa cometeria o mal e se chamaria Escala Lúcifer, em alegoria ao anjo Lúcifer, que era bom e depois foi corrompido. Mas também seria uma tripla homenagem: Ao professor Zimbardo, que descobriu o Efeito Lúcifer, ao Kira de Death Note, cujo nome é Light Yagami, provavelmente isso deve ser uma alegoria a Lúcifer, porque ele era bom no começo da série mas depois foi corrompido, exatamente igual aos criminosos que matava, e ao meu próprio nome, que é Lucy (Não é narcisismo, é que a escala é minha, eu que inventei. Muitos cientistas não fazem isso? Dão seu próprio nome às suas teorias?)

Entretanto, eu sei que ainda preciso estudar MUITO psicologia antes de pensar em desenvolver isso. Mas eu sei que impossível não é. Nada é impossível. O impossível é apenas um possível que não foi feito ainda. Se pensássemos que as coisas são impossíveis, viveríamos ainda no tempo das cavernas.

Mas agora, voltando ao cerne da questão, Como é que pessoas más pensam?

É simples. Pessoas más pensam exatamente como nós, pessoas boas. Só que ao contrário.

Como assim?

O bem e o mal funcionam como espelhos um do outro. Tudo que um faz, o outro faz igual, o outro copia, só que ao contrário. O espelho reflete tudo que fazemos, mas de forma contrária. A mão direita é refletida como esquerda, a mão esquerda é refletida como direita, etc. O mal funciona da mesma forma. Por exemplo, existem pessoas boas que fazem o bem somente por fazê-lo, sem esperar nada em troca. Simplesmente porque fazer o bem ao próximo lhes dá prazer. O espelho dessas pessoas seriam as pessoas más que fazem o mal...somente por fazê-lo. Simplesmente porque fazer o mal ao próximo lhes dá prazer (A propósito, na minha escala, as pessoas sádicas que só fazem o mal por fazê-lo marcam o número 10, o mais alto nível de maldade. E as pessoas solidárias que só fazem o bem por fazê-lo marcam o número 1, o mais baixo nível de maldade. Não existe número 0 porque não existe uma pessoa que seja cem por cento pura e livre de maldade. Existe um pouco de maldade em todos nós).

A pessoa que faz o bem esperando receber algo em troca, esperando uma recompensa, o espelho dessa pessoa seria a pessoa má que faz o mal por dinheiro, por recompensas (Na escala de maldade, as duas marcariam um nível intermediário).

A pessoa que faz o bem porque sofreu, ou seja, transformou o seu sofrimento em arte, ou em algo útil para a sociedade, o espelho dessa pessoa é a pessoa má que faz o mal porque sofreu. As duas sofreram na vida, apenas seguiram por rumos diferentes. É claro que sofrimento não é desculpa para cometer o mal. Isso e o porquê cada uma optou por determinado caminho eu explico em outro post (Na escala de maldade, as duas também marcariam um nível intermediário).

Aquela pessoa que só faz o mal porque é sem caráter e acredita que para seus atos não há consequências, ou seja, ela pensa que é intocável, que nada de mal nunca acontecerá com ela (Típico do ser humano) o espelho dessa pessoa seria a pessoa boa excessivamente responsável que só faz o bem porque tem medo das consequências, porque acha que se não o fizer, algo de mal acontecerá com ela (Ser preso, ir pro inferno, perder a reputação, a credibilidade) (Na escala da maldade, isso marcaria um número depois do intermediário e próximo do alto nível).

A pessoa que só faz o mal porque não tem empatia e respeito pelos sentimentos dos outros, o espelho dessa pessoa seria a pessoa sensível e empática, que nunca magoaria ninguém porque doeria muito se fosse com ela mesma, então ela não deseja o mesmo aos outros (Na escala da maldade, isso marcaria o número 9).

Há também as pessoas que só fazem o mal porque são pobres e vivem na miséria. Mas até para essas pessoas existe o espelho: Há pessoas que fazem o bem porque são pobres, ou então porque já foram pobres e agora querem ajudar outras pessoas na mesma situação (Na escala da maldade, marca um pouco acima do nível 1).

Há também as pessoas que são preconceituosas e cometem atos de maldade devido a preconceito e a ódio. O espelho dessas pessoas seriam as pessoas boas que amam a diversidade, amam a todos os seres humanos.

E existem ainda aquelas pessoas que só são agressivas porque não sabem demonstrar corretamente seus sentimentos e/ou não sabem fazer carinho. Japoneses tem um termo para isso: Tsundere. Eu explico o que é isso neste post (Na escala da maldade, marca também um pouco acima do nível 1).

Se você observar todos esses exemplos, notará que existe um elemento comum a todos eles: É como se na pessoa boa houvesse algo que falta na pessoa má. E é justamente devido a essa ausência que a pessoa má escolheu fazer o mal. Á pessoa que faz o mal somente por fazê-lo, lhe falta o prazer de fazer o bem aos outros, o natural seria esse, mas ocorreu um problema em seu cérebro e ela só sente prazer em fazer o mal aos outros. Ela é sádica e sadismo é uma doença.

À pessoa que faz o mal por dinheiro, por recompensas, lhe falta entender que ela poderia ser também recompensada, se não mais, se ela fizesse o bem. É claro que a pessoa boa que só faz o bem visando uma recompensa, também está errada. Mas não sejamos hipócritas: Todo mundo adora fazer o bem mas também no fundo sempre esperamos receber algo em troca. Ninguém aguentaria fazer o bem o tempo todo sem nunca ser pago por isso. Também precisamos comer. E adoramos reconhecimento.

À pessoa que só faz o mal porque sofreu, lhe falta a força de espírito da pessoa boa que sofreu mas superou o próprio sofrimento, conseguiu dar a volta por cima e ser feliz. É justamente por lhe faltar essa força que a pessoa má sucumbiu a fraqueza, ao vitimismo e a auto-complacência e resolveu se vingar da sociedade, fazendo o mal. Também lhe falta o entendimento de que seu sofrimento não é especial, nenhum sofrimento é especial, todos sofremos e portanto todos devemos superar nossos sofrimentos.

À pessoa que só faz o mal porque é sem caráter e acredita que para seus atos não há consequências, lhe falta logicamente o senso de consequências, mas também o de responsabilidade para com a sociedade, caráter, maturidade e culpa. Assumir e ser responsável pelo que faz. É claro que o extremo oposto disso também não é saudável. Não é saudável ser uma pessoa que vive excessivamente com culpa, se remoendo por anos pelas coisas que não deveria ter feito e/ou pelas coisas que deveria ter feito. É bom se perdoar.

À pessoa que só faz o mal porque não tem empatia e respeito pelos sentimentos dos outros, logicamente lhe falta empatia. Li num post que a empatia é gerada pelos neurônios espelho, então pessoas que não tem empatia podem simplesmente ter um defeito nesses neurônios espelho. É claro, existem pessoas que não tem empatia mas não tem problema nenhum em seus cérebros. Como explicar isso? É simples: Os neurônios espelho só podem funcionar se houver uma experiência prévia para eles relacionarem. Se a pessoa nunca viveu uma determinada experiência ruim, como ela pode ter empatia pela pessoa que sofreu? Não há como ela compreender, porque não existe uma experiência similar para ela relacionar com aquilo. É o caso da pessoa que acha que depressão é frescura. Ela nunca teve depressão, então não pode entender quem tem. No entanto, isso não quer dizer que NUNCA haja no cérebro de uma pessoa uma experiência, mesmo que pobremente similar, para ela relacionar com aquilo que a outra pessoa está passando. A pessoa que nunca teve depressão já sentiu tristeza em determinado momento de sua vida e sabe que é horrível. Então porque ela não pode sentir empatia pela pessoa que está experenciando a tristeza em sua forma mais forte, cruel e devastadora?

Às pessoas que só fazem o mal porque são pobres e vivem na miséria, lhes faltam o conhecimento para arranjar um emprego e/ou ganhar dinheiro. Muitas vezes, elas não tem sequer escolaridade, são apenas ignorantes. 

Às pessoas que são preconceituosas e cometem atos de maldade devido a preconceito e a ódio lhe falta conhecimento e tolerância, o conhecimento de que nem todas as pessoas são iguais, que existe a diversidade e nós devemos respeitá-la. As pessoas preconceituosas na verdade são preconceituosas porque acreditam que todo mundo é obrigado a ser normal, ou seja, que todos são obrigados a seguirem um padrão, e quem se desvirtua minimamente disso é anormal, uma aberração, e merece ser corrigido, punido ou mesmo exterminado (Mesmo pensamento dos nazistas). O que elas não entendem é que nem todo mundo é obrigado a seguir um padrão.

E às pessoas que só são agressivas porque não sabem demonstrar corretamente seus sentimentos e/ou não sabem fazer carinho, lhes falta aprender como expressar seus sentimentos de forma saudável. Na maioria das vezes, são homens criados com uma educação machista que os reprime. Isso ocorre porque no machismo existe a falsa noção de que demonstrar sentimentos é fraqueza. Mas na verdade, isso não é verdade. Não existe uma contradição entre força e sensibilidade, existe apenas uma contradição entre força e estoicismo. Mas força não é meramente estoicismo. Porque não há nenhuma força em reprimir seus sentimentos. Mas para demonstrá-los, isso SIM, exige muita força e coragem. Eu falo mais sobre isso aqui.

Com tudo isso, podemos concluir que o mal se dá pela ausência. Mas não fui eu que disse isso e sim foi Albert Einstein, que afirmou que o mal é apenas aquilo que acontece quando o ser humano não possui o amor de Deus em seu coração.

A idéia não é exterminar o mal, porque isso seria impossível (Existe um pouco de mal em todos nós, como eu já disse) e sim fazer com que ele viva em harmonia com o bem, transformando-o em bem.

Ainda assim, muitos diriam que eu AINDA não tenho o direito de julgar as pessoas, simplesmente porque fazer isso é anti-ético. São moralistas extremos e chatos. Para eles, eu escrevi este post.

"O que é mal? Tudo que surge da fraqueza." (Friedrich Wilhelm Nietzsche).

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